Wiki Akaŝa RPG
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Faz um tempo que o Léo tem me pedido para escrever este texto, mas eu estava enrolando, pois estes temas só tem me aborrecido e com certeza a maioria não irá gostar de minha opinião, mas já que ele insistiu, resolvi escrever sobre o que acho de RPG e feminismo.

Eu era conhecida como Chapeuzinho Vermelho quando jogava RPG e junto com outros três amigos (só eu de mulher) começamos o projeto Akaŝa. Na época eu era também militante de esquerda e feminista, e pelo tempo verbal vocês já devem deduzir o que direi, portanto, se você espera só mais um texto militante vitimista, peço que nem termine de ler esta página.

Vou tentar não enrolar muito nos porquês do projeto, pois já tem histórico disto em outros lugares, mas resumo dizendo que: Éramos estudantes de psicologia e filosofia e queríamos um sistema mais interpretativo do que estratégico. Não que eu tenha nada contra um bom duelo cheio de porrada.

Acreditávamos e ainda acreditamos que o RPG pode ser uma ferramenta maravilhosa e divertida para se trabalhar com psicologia, didática, filosofia, de várias formas e contextos. Eu mesma, numa época em que passava por uma grave depressão, usava o RPG como uma tentativa ou de fuga ou de terapia, e por um tempo jogar RPG era quase a única coisa que me dava um mínimo de alegria e me fazia não pensar em suicídio.

Para resumir, acabei descobrindo algo meio óbvio num momento em que não estava bem e que não pensava direito nem para enxergar o óbvio: Por mais que o RPG possa sim ser uma ferramenta maravilhosa ATÉ MESMO de forma terapêutica, ainda somos meros humanos lidando com outros humanos, e num momento que eu precisei, acabei desanimada com a humanidade, e também parei de jogar RPG.

Com a militância de esquerda e o feminismo se deu mais ou menos o mesmo: quanto mais eu conhecia, mais percebia como tinha me enganado, e mais me decepcionava. Ingenuamente acreditei que éramos pessoas que lutavam por um mundo melhor, mais solidário, mais honesto, ou como diz o grande Renato Russo: “Deve haver algum lugar / onde o mais forte não consegue escravizar / quem não tem chance”.

Porém quando mais deixávamos de ser oposição para nos tornar situação, mais eu via como estes movimentos estavam cheios dos mesmos defeitos que jurávamos combater. Percebi que justiça, honestidade, equidade, democracia eram meros discursos que estes movimentos não tinham a menor intenção de seguir. Eles queriam apenas trocar uma ditadura por outra e nos usar como massa de manobra.

Eu vi, da noite para o dia, pessoas que criticavam com veemência a corrupção não apenas se tornarem mais corruptas do que as pessoas que elas criticavam, mas se aliarem a estas mesmas pessoas que tanto criticaram.

Vi pessoas que antes pregavam que o feminismo lutava pelo direito de TODAS as mulheres, independente de raça, credo, condição social falando hoje que “o feminismo negro não se mistura com o feminismo branco” ou que “mulheres cristãs e hétero devem ajudar o feminismo apenas ouvindo e divulgando, mas não devem dar palpite pois não fazem parte da verdadeira parcela injustiçada” ou ainda pior, dizem que “estas mulheres deveriam ter vergonha de não se libertar totalmente de seus verdadeiros opressores”.

Poderia citar um livro de exemplos de como estes movimentos mentiram para mim e continuam mentindo para milhões de mulheres. É até difícil selecionar o que mais me fez sentir-me traída e ter nojo de tudo que eles realmente representam.

Hoje digo sem medo que o feminismo não tem mais nada a ver com igualdade de direitos para mulheres, mas sim com pura ideologia de esquerda. Se você for uma mulher que luta contra a violência, por direito e deveres iguais, contra o machismo, que busca devolver às mulheres a autoestima e autoconfiança que lhes foram negadas mas não for esquerdista, para o feminismo você não passa de lixo.

Por outro lado já vi muitos homens com comportamento claramente machistas e outros meramente vitimistas serem aclamados como heróis, só por serem esquerdistas.

Basta ver: se um homem dissesse que um grupo que estuprou coletivamente uma mulher por cinco dias e depois a matou não deveria ser julgado com muito rigor, pois eram menores e não tinham muita consciência de seus próprio atos, você diria que este homem é machista? Misógino? Que ele defende a cultura do estupro? Você defenderia um homem assim?

Mas e se o mesmo fosse dito por uma deputada de esquerda, isto muda tudo?

Pois esta é uma situação real, a deputada esquerdista e feminista Maria do Rosário defendeu os menores que covardemente estupraram Liana Friedenbach por cinco dias seguidos, revesando entre eles de forma contínua. Até hoje eu nunca vi nenhuma grande mídia feminista ou alguma militante feminista sequer se indignar com a postura desta deputada que usa o discurso de representar as mulheres, mas que ao invés de ficar do lado de uma VÍTIMA REAL DE ESTUPRO COLETIVO, ficou do lado dos estupradores. Pelo contrário, vi os grandes grupos de feministas tentavam relevar, disfarçar ou pior, até defender a Maria do Rosário, enquanto a verdadeira vítima, Liana Friedenbach, era simplesmente ignorada por estas “defensoras das mulheres”. Será que era porque Liana era branca e de classe média?

Mas muitos podem dizer que são pouquíssimas feministas que fazem isto, mas não são. Já contei o caso em grandes páginas feministas como “feminismo sem demagogia”, “moça, você é machista”, “não me kahlo”, “coerência feminina” e várias outras, até a “quebrando tabu” e nem uma única vez nenhuma feminista sequer teve coragem de mostrar indignação contra a deputada Maria do Rosário.

E mesmo se desconsiderássemos todos os casos em que o feminismo se misturou com a política, para não dizerem que estou apenas com indignação seletiva, ainda a “igualdade” pela qual as feministas dizem lutar não passa de discurso de fachada.

Já vi várias feministas pregando que “homem é tudo igual”, mas quando pergunto qual é a diferença desta afirmação e da afirmação que “mulher é tudo igual” elas ficam histéricas, ofendem, ameaçam, se juntam com as amiguinhas para decidir como retalhar, mas claro NUNCA conseguem dialogar. O mesmo acontece quando se questiona outros slogans como “todo homem é estuprador em potencial” que pela lei da igualdade pode ser comparado com “toda mulher é uma pedófila em potencial”. Ou ainda “nenhuma mulher mente quando diz que foi estuprada” é tão verdadeiro quanto “toda mulher mente quando diz que foi estuprada”.

Sempre fui, e sempre serei contra a violência, não só contra a mulher mas contra qualquer ser humano; sempre considerei o estupro um dos mais hediondos crimes; sempre defenderei que a mulher deve ter os mesmos direitos E DEVERES, tanto jurídicos como “filosófico-abstratos” tipo “toda mulher tem direito de gostar de sexo, assim como os homens”. Se quiserem me chamar de feminista por causa disto, eu não me importo.

Mas também sempre fui contra o aborto, que no fim é apenas mais uma forma de violência contra a mulher; sempre fui contra qualquer tipo de cota especial para mulheres, pois isto nada mais é que migalhas que só mascaram verdadeiros motivos de inequidade contra as mulheres; jamais concordei ou vou concordar que uma besteira qualquer seja menos besteira porque foi dita por uma mulher bem como jamais senti a mínima obrigação de ser solidária ou ter “sororidade” com qualquer mulher só porque ela é mulher; bem como jamais admiti que uma verdade fosse menos verdade por ter sido dita por um homem. Se quiserem me chamar de anti-feminista por causa disto, eu também não me importo.

Já sofri demais por importar quando diziam que eu não era cristã de verdade, ou feminista de verdade, ou mulher de verdade, ou filósofa de verdade, ou que não sabia de um assunto que falava, ou não tinha lido de verdade algo que disse que li... perdi muita coisa e muito tempo, perdi amizades, perdi a paz, a vontade de viver... hoje eu simplesmente não importo. Pode me chamar de feminista, anti-feminista, fanática, ateia, puritana, puta, traveca ou o que quiser. Se sua verdade depende do que eu sou, ela não se sustenta por si mesma, e portanto não é uma verdade que me interessa.

Estou fazendo de tudo para não me alongar, mas é deveras difícil. Por muito tempo quis acreditar que “é possível ser feminista sem ser radical, que apenas algumas poucas feministas radicais pregam estas mentiras e sujam o movimento, etc.” mas sinceramente eu não consegui. Estes dias uma feminista me disse que “é sim possível ser feminista e anti-abortista, pois a mãe dela era”, só pude dizer que PARA MIM foi impossível, pois tudo que recebi do movimento feminista foi hostilidade. E não fui a única, a cada dia mais mulheres tem deixado de ser feministas, até algumas bem conhecidas como Sara Winter, que há menos de dois anos atrás era uma feminista radical (femen), e depois de cansada de tanta hipocrisia escreveu o livro “Vadia não! Sete vezes que fui traída pelo feminismo” (recomendo). Ou seja, toda vez que uma mulher realmente luta pelas mulheres, e não pelo esquerdismo por trás do feminismo, ela é hostilizada e traída.

Video_games_são_machistas?

Video games são machistas?

Mas e sobre especificamente o feminismo e o RPG? Para não ser muito repetitiva, gostaria de deixar um vídeo da Factual Feminist que busca separar o feminismo verdadeiro do feminismo mentiroso, podem ler com legenda em:


Há um slogan esquerdista que diz que: “Você não precisa ser negro para ser contra o preconceito, não precisa ser gay para ser contra a homofobia e não precisa ser mulher para ser contra a violência contra a mulher”. Isto é verdade, e acrescento mais: “Você também não precisa ser feminista para ser contra nada disto”.

Eu, e todos meus amigos que jogaram RPG comigo, em especial os que estavam no começo do projeto Akaŝa, sempre fomos a favor de direitos iguais para homens e mulheres e todos nós repudiamos o machismo, homofobia, racismo e qualquer tipo de discriminação. Ainda assim somos tratados como fascistas ou nazistas por esta massa que não percebe que seus movimentos sociais não têm nada a ver com direitos de minorias e sim tudo a ver com doutrinação esquerdista.

Se fôssemos usar o conceito bonitinho de feminismo da wikipedia, podemos dizer então que nós somos feministas e nosso projeto é que era realmente feminista, mas desculpe a repetição mais uma vez: o discurso destes grupos não corresponde à realidade.

Qualquer pessoa que não seja um total escroto repudia por exemplo: um cara que tenta agarrar uma jogadora na mesa usando a desculpa que é tudo uma brincadeira. Sei que há imbecis que são mesmo capazes disto, mas se for numa mesa que eu estou eu corto o cara na hora, mesmo que não for comigo, e tenho certeza que meus amigos homens fariam o mesmo, pois nenhum deles é um doente mental de achar que um comportamento nojento deste é aceitável. E ninguém precisa ser feminista para ver que este tipo de machismo é nojento.

Outro relato que já li: “Era a primeira vez que jogava RPG, fiz uma sacerdotisa, e além de me tratarem mal a seção toda, ficaram me xingando porque eu não dava cura, mas ninguém me explicou que a função de sacerdotisa era dar cura”. Este também é outro relato que mostra como jogadores de RPG podem ser escrotos. E não é só questão de machismo, pois mesmo que não fosse uma jogadora ou uma personagem feminina, se você tem um novato na mesa, seja mulher ou homem, negro ou branco, ou seja um cara com três doutorados, e você não explica como o jogo funciona, então você mestre é um escroto. Ninguém tem obrigação de nascer sabendo.

Uma coisa é você estar numa aventura e um dos personagens do mestre dizer que só ajudará sua personagem em troca de favores sexuais, isto pode acontecer na vida real e pode acontecer na aventura, desde que você tenha outras formas de resolver seu problema. Outra coisa totalmente diferente é se a única forma da aventura andar é se você tiver obrigatoriamente que se prostituir. Não entendo como tem pessoas tão tapadas que não conseguem entender esta diferença.

E é ruim que às vezes tenham personagens machista na aventura? Nem um pouco. É até divertido quando uma personagem feminina é subestimada no jogo e acaba no final humilhando todos que a subestimaram. Minhas personagens frequentemente fazem isto, e eu adoro. Isto é saber a diferença entre o que é real, os jogadores, e o que é fantasia, os personagens.

Um outro exemplo, a última vez que eu tive paciência de falar com uma rpgista feminista era por sinal sobre Akaŝa que ela estava criticando, a mesma feminista tinha antes falado que queria fazer cosplay mas não fazia porque estava acima do peso (percebam a referência dela e pensem se ela não criticava padrões de beleza só por não se encaixar neles), e ela foi falando os mesmos argumentos que elas sempre usam sobre os jogos, incluindo o RPG ser machistas, objetificar a mulher, etc. Já sabendo onde ia dar, perguntei sobre o funk, e não deu outra, como boa doutrinada ela respondeu que o funk podia ser bom ou ruim, que muitas funkeiras mostravam a “libertação da sexualidade feminina” e é claro que não precisei de nada mais do que isto para ter certeza que ela não passava de mais uma doutrinada que não tem coerência nenhuma.

A pessoa que critica objetificação da mulher mas apoia o funk como “libertação da sexualidade feminina” é igual um negro que apoia o nazismo ou um gay que tem Che Guevara como herói. Qual diferença entre uma mulher escrota como esta e um machista escroto citado acima?

Em outra ocasião um “amigo” feministo (pois não basta ser homem feminista, elas tem que tentar ofender até quem está do mesmo lado delas) estava falando que não via diferença entre as letras de funk e a Madonna por exemplo. Nem me dei o trabalho de contra-argumentar. Se estas pessoas não sabem a diferença entre erótico e degradação humana, então é melhor mesmo que jamais queiram jogar nas mesmas mesas que eu. O ideal seria que ninguém aceitasse pessoas assim nas suas mesas.

Muitos argumentam: há, mas tem algumas letras que não são ruins. Eu fui procurar numa lista “top 40 do funk” que eram só as mais conhecidas, nem eram as do “proibidão”, e destas 40, 29 denegriam não só as mulheres, mas até os homens pois colocavam todos nós numa situação de sub-humanos; 9 delas (sendo generosa) eram apenas vazias, músicas que não falavam nada com nada, ou usavam clichês pobres tipo: “eu sou poderosa porque sim”; e apenas 2 tinham uma letra que pelo menos tratavam quem canta e quem escuta como seres humanos, ambas da MC Ludimilla.

Aí alguém me fala: “tá vendo, pelo menos tem 2!”. 2 em 40, ou seja, 5% é seu argumento de que o funk não é uma forma de degradação humana? E como você pode apoiar uma coisa ridícula desta e dizer que o RPG que é machista?

E já que estamos falando de funk e feminismo, veja que interessante estava vendo enquanto escrevia isto, a mais nova indignação é contra uma tal letra chamada “surubinha de leve” que faz apologia ao estupro. Como todo funk, realmente é um lixo e a pessoa tem que ser muito escrota para gostar que algo assim. Mas compare, a letra diz:

“Surubinha de leve com essas filha da puta / Taca bebida depois taca pica / E abandona na rua”

Creio que qualquer pessoa com o mínimo o moral deve achar isto um lixo. Se eu achar, como acho, isto um lixo, eu sou uma feminista? Mas vejam esta letra das “empoderadas” gaiola das poposudas:

“Mozão, traz aquela bebida? / Aquela que pisca / Traz a bebida que pisca! / Se levantar a garrafa / A minha buceta pisca”

Não é a mesma glamorização da bebida? O mesmo pensamento de embebedar uma mulher para transar com ela? E se eu for feminista não deveria ter a obrigação moral de repudiar as duas letras? Onde está a “igualdade” que o movimento prega? Se uma mulher glamoriza as drogas e ensina darem bebidas em troca de sexo ela é uma heroína lutando contra opressão enquanto um homem que diz o mesmo é um criminoso opressor?

Para finalizar, já que usei estes exemplos, um parecido que aconteceu numa mesa de RPG: Estava um jogador homem com uma personagem feminina, ela vê um PdM na rua que tinha visto num cartaz de procurado, ou seja: sabia que era bandido.

O jogador resolve que sua personagem vai segui-lo e jogar SEDUÇÃO em cima dele tentando enganá-lo. Até aí não era incoerente com a personagem dele, mas ele começa fazer besteira na hora de interpretar, ele jogou um kaô de “falsa ingênua” e ficou dizendo coisa tipo “como você é bonito”. O problema é que o personagem já tinha sido descrito quase como o Jafar do filme Aladim, ou seja, era feio pra burro e não era burro de achar que uma mulher minimamente atraente iria achá-lo mesmo um "bonitão". Nem se o jogador tirasse dois sucessos críticos nos dados isto funcionaria.

E os dados felizmente NÃO ajudam ele, e o mestre ainda descreve que o PdM mandou a personagem dele sumir dali, ir caçar problema em outro lugar, ou seja, era óbvio que ele não caiu nem um pouco.

O que o jogador faz? INSISTE e tenta de toda forma conquistar a confiança do PdM. É preciso ter muita inteligência para ver que isto ia dar merda?

Vendo a personagem grudar no cara que não queria nada com ela, o PdM então pegou duas bebidas e ofereceu uma pra ela. O jogador fez a única coisa inteligente na jogada dele, pegou a caneca que ele não tinha oferecido, pois tinha uma chance de 129% do bandido ter colocado drogas na caneca que ele ofereceu. Para piorar a personagem dele ainda sugere o cara ir para um lugar reservado, pensando em subjuga-lo lá fora. Um bandido procurado, ela resolver ir pro beco sozinha com um bandido procurado.

É claro que, chegando lá, ela começa passar mal, pois o cara tinha posto droga nas duas canecas. Aí então ele rouba a espada mágica dela, o escudo, o dinheiro e até leva a calcinha dela de troféu. Só não a estupra porque o mestre estava com pressa. Mas se tivesse sido estuprada, isto seria machismo do mestre? Não, seria burrice do jogador.

Portanto, seja no jogo ou na vida real, nada justifica a violência, mas se você tem TODOS os indícios claros que uma ação é estúpida e mesmo assim insiste em fazer a ação, você tem que sofrer as consequências. Fica até chato se um mestre não pune um personagem que fez algo estúpido.

E uma das muitas coisas que o esquerdismo, que tem o feminismo como braço, vem fazendo é justamente glamorizar o comportamento estúpido e querer que não haja consequências.

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